“A Gata, Um Homem e Duas Mulheres” é uma novela do japonês Jun’ichiro Tanizaki (Tóquio, 1886 – Kanagawa, 1965) publicada originalmente em 1936. Trata de relações afetivas e tem uma gata como referência central. Um homem um tanto negligente com os rumos de sua vida e cujos vínculos pessoais são marcados por grande puerilidade tem em sua gata o objeto de amor mais intenso. Para as mulheres de seu convívio íntimo, a ex-esposa, a atual e sua mãe, ele funciona como um peão em jogos de poder doméstico e espera delas autorização para seguir satisfazendo seus desejos. As duas esposas são as protagonistas mais aparentes das disputas, mas a terceira mulher, a mãe, também entra na contenda. Com sutileza nipônica, o autor propõe que o amor não pode prescindir de lealdade e que para preserva-lo é preciso ser forte e generoso. Não sendo assim, amar é somente disfarçar os aspectos primitivos da busca por sobrevivência e do uso dos outros para conveniências circunstanciais. As convenções como determinantes do casamento, as ambições mesquinhas e as debilidades dos indivíduos envolvidos tornam estéreis os relacionamentos. Inclusive nas amarras materno-filiais podem expor estreitezas constrangedoras das pessoas. As ligações com a gata Lily apontam para o que há de bom nos personagens e também para sua pequenez, que é mais exuberante quando eles interagem entre si. A nobreza da coragem para o apego genuíno e a ternura incondicional, traduzidos em amor, são atributos quase exclusivos do felino. Aos humanos restam as projetos frustrados, rascunhos grotescos ou os arremedos frequentemente simplórios. Esta obra é mais um exemplo do talento de Tanizaki para a observação perspicaz de seus semelhantes. E de seu jeito sem pruridos, que não os estéticos, para dizer o que pensava.
Título da Obra: A GATA, UM HOMEM E DUAS MULHERES
Autor: JUN’ICHIRO TANIZAKI
Tradutores: ANDREI CUNHA, CLICIE ARAÚJO, LIDIA IVASA, MARIA LUISA VANIK PINTO E TOMOKO GAUDIOSO
Editora: ESTAÇÃO LIBERDADE
Caríssimo senhor, que espetáculo de sugestão. Gostei da ilustração da capa. Irei, ou melhor, tentarei ler e depois comentamos.
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Obrigado por comentar Jogê
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Adoro esse livro e todos os outros que li do autor. Sutileza nipônica é uma boa expressão. Uma vez emprestei esse livro para uma amiga e ela me devolveu sem ler, disse que não era pra ela, não conseguiu “entrar” na história (da gata, no caso). É uma leitura que exige um pouco do leitor no sentido de se abrir culturamente, é outro universo, mas que universo!
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Muito obrigado por seu comentário Leila
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