O CHAMADO DA TRIBO

O termo Liberalismo refere-se um conjunto de doutrinas que abrangem questões econômicas, políticas, culturais e religiosas. Nessa linha de pensamento o Estado deveria ter poder limitado de interferência na vida dos indivíduos, grupos sociais, empresas e em grande parte das instituições. O Estado assumiria funções administrativas em alguns setores da sociedade e papel regulador com relação com à garantia da Lei e da aplicação de leis. A singularidade individual deveria ser sempre preservada e a pessoa, mesmo tendo obrigações irrefutáveis e claramente definidas para com o mundo em que vive, não poderia ser “apagada” através de sua transformação em uma unidade da massa. O conceito de liberdade é definido com o maior pragmatismo possível e priorizado pelos liberais. Ganha relevo o respeito à realidade construída e vivenciada pelos indivíduos na intricada rede de interações sociais, revelada e sempre renovada ao longo da história, sem que se possa prevê-la ou planeja-la com grande antecipação ou total exatidão. A compreensão atualizada e objetiva desta realidade (até onde isto é possível) é uma meta sempre posta acima das idealizações. Há um combate às crenças utópicas e rígidas, criadoras de projetos que distorcem as possibilidades determinadas por condições reais da vida em sociedade. As tentativas de aplicação das propostas utópicas são vistas como potenciais poderiam geradoras de danos importantes para a maioria dos indivíduos. Todavia, há variações importantes nas concepções de teorias de que se servem os liberais para fazerem valer seus preceitos.

“O Chamado da Tribo” de Mario Vargas Llosa (Arequipa, Peru, 1936) é um conjunto de ensaios biográficos em que ele fala daqueles que considera os principais pensadores desta corrente. São pequenas biografias pessoais, culturais e políticas de alguns dos que, em épocas diferentes, refletiram e propuseram visões de mundo cujo ponto comum é a valorização das liberdades individuais, desde que submetidas à Lei e às leis da sociedade em que se inserem. Llosa, que ao longo de sua vida migrou das ideologias de esquerda em sua juventude para o pensamento liberal e democrático, mostra neste livro aquilo que vem dando esteio a seu modo de buscar e defender concepções de justiça social e individual. Entre os pensadores biografados nos ensaios estão: Adam Smith (1723-1790), José Ortega y Gasset (1883-1955), Friederich August von Hayek (1899-1992), Karl Popper (1902-1994), Raymond Aron (1905-1983), Isaiah Berlin (1909-1997) e Jean-François Revel (1924-2006).

Independentemente da simpatia ou não por ideias liberais, nesta obra é possível desfrutar da erudição do autor, que fala sobre seus inspiradores com prosa cristalina, bem informada e saborosa. Mesmo que se considerem possíveis vieses passionais na sua adesão a estas doutrinas, ele mostra clareza no que afirma, além da coragem de sempre.

Título da Obra: O CHAMADO DA TRIBO

Autor: MARIO VARGAS LLOSA

Tradução: PAULINA WACHT E ARI ROITMAN

Editora: OBJETIVA

 

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