INDIGNAÇÃO

A vida, com os muitos significados que tem, frequentemente atropela as pessoas, atingindo seus sentimentos, interpretações do mundo e de si mesmas e consequentemente seus projetos de futuro. Há diversos modos de reagir a isto: resignação, luta cega às possibilidades de (in)sucesso, tentativas de distinguir reais e significativas ameaças e empreender esforços para delas escapar ou enfrenta-las dentro da razão, e mais. A indignação pode ser uma forma de reação e implica potenciais impactos de naturezas e consequências heterogêneas e imprevisíveis. Disto trata “Indignação”, um dos grandes romances curtos de Philip Roth. O protagonista, Marcus Messner foi um garoto exemplar, tem valores sólidos, planos bem delineados, capacidade para amar e para sentir-se satisfeito com o que obtém. Ao advir a adultidade depara-se com sucessivos entraves provenientes de outros indivíduos, como o pai, colegas, namorada e um diretor de alunos da faculdade que frequenta. Seus próprios atos também revelam-se perigosos quando não pareciam. O cerne da estória está situado em 1951 nos Estados Unidos, então envolvidos na sangrenta guerra da Coréia. Roth, como lhe é habitual, observa a alma sem idealização. Enxerga a brutalidade que pode alvejar qualquer pessoa em seu viver, tão cheio de elementos indesejáveis e não passíveis de exclusão pela vontade dos que os encontram. Indignar-se pode parecer e ser um distintivo dos que têm hombridade e disposição para batalhar, mas também pode contribuir para desfechos profundamente trágicos. Um livro breve, formalmente simples no qual se pode desfrutar do pensamento inteligente e desprovido de mitigações pusilânimes através de ideologias, religiões e outras crenças. Impactante e de beleza invulgar.

Título da Obra: INDIGNAÇÃO

Autor: PHILIP ROTH

Tradutor: JORIO DAUSTER

Editora: COMPANHIA DAS LETRAS