Henry James (Nova York, 1843 – Londres, 1916) produziu muita literatura ao longo de sua vida. Escreveu romances, novelas, contos, ensaios, relatos de viagem e teatro. Tratou com delicadeza temas difíceis, especialmente os relacionados às motivações subjacentes aos comportamentos das pessoas em sociedade. Nisto, abordou a posição da mulher, o casamento, a família e as amizades. Seus personagens foram dotados de grande complexidade psicológica e, através deles, ressaltou a importância dos temores e limitações inerentes às profundezas menos iluminadas dos indivíduos. Realista no estilo, compreendeu e retratou certos vieses da realidade. Percebeu a magnitude de forças provenientes dos interstícios do que se vive. Evitou a frontalidade e as simplificações destinadas a criarem conforto através da ilusão das compreensões fechadas. Foi um esteta. Nascido nos Estados Unidos numa família de intelectuais teve o pai célebre como jornalista e um dos irmãos tornou-se uma referência em Psicologia (William James). Acabou elegendo a Europa como sua terra. Viveu grande parte do tempo e morreu na Inglaterra; naturalizou-se britânico. Sua obra foi algumas vezes considerada como representante de uma chamada cultura transatlântica, por ocupar-se das diferenças e interações entre americanos e europeus. Desde a infância foi habituado a viajar e buscou compreender os povos que conheceu. Identificar-se como um estrangeiro, curioso com as diversidades talvez tenha refletido um modo sincero dele dizer o que sentia ser no mundo, qualquer que fosse a localização geográfica objetiva. Influenciou escritores do calibre de Virgínia Wolf e, mais recentemente, Colm Tóibín. Este último escreveu um romance biográfico sobre James, “O Mestre”, em que sugeriu que o escritor obrigou-se a sufocar quase totalmente sua orientação sexual (homossexual) devido ao conservadorismo da época e contexto em que viveu. Embora seu trânsito nos meios sociais e intelectuais seja conhecido, assim como o modo de pensar, veiculado pelo que escreveu, pouco se sabe sobre sua intimidade. Seus livros mais conhecidos são “Retrato de uma Senhora”, ‘Os Embaixadores”, ‘A Outra Volta do Parafuso”, “Pelos Olhos de Maisie”, “Os Espólios de Poynton”. Sua obra não se presta ao consumo fácil. Exige esforço intelectual do leitor. E recompensa-o à altura.