A URUGUAIA

Há muitos destinos possíveis para as frustrações das pessoas. Podem transformar-se em amargura, ressentimento, criar vítimas estruturais, induzir ao recolhimento e rejeição ao desconhecido, mas ocasionalmente promovem resiliência, fortalecimento por renúncia à ingenuidade e também ampliação da tolerância e da generosidade. O pequeno romance “A Uruguaia” do argentino Pedro Mairal (Buenos Aires, 1970) conta uma estória de desilusões amorosas que não podem ser traduzidas por desgostos, embora os contenham, e que não implicam só perdas. Resultam em certos ganhos. Mesmo que não sejam óbvios. O protagonista, descrito sem recursos de glamorização, segue sempre próximo do leitor em sua pequena grande aventura. Transita entre idealização e realidade. Parece-se com gente comum e passa por situações que expõem suas fragilidades mais ou menos banais. Todavia, o desfecho dá o tom à narrativa e largueza ao enredo. O personagem é obrigado a criar novos sentidos para o que julgava saber sobre si mesmo, sua esposa e uma embrionária amante. Sobre o amor. Acaba por descobrir a possibilidade de existir em espaços imprevistos e com maior grandeza de alma. O texto é uma exortação à humildade no esforço de compreensão da vida que se tem e quanto a conjecturar sobre a vida que se poderia ter. Há um convite para dar crédito somente às concepções instáveis de mundo. Os saberes pretensamente definitivos devem ser desvelados e exibir sua natureza de engodo e miragem e descartados a tempo e hora. Quase tudo é simples e complicado, ao mesmo tempo, como as vidas reais.

Título da Obra: A URUGUAIA

Autor: PEDRO MAIRAL

Tradutora: HELOISA JAHN

Editora: TODAVIA

uru

 

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