O ALEPH

As mitologias sempre tiveram muita importância na busca de conhecimento. Por mais distantes que pareçam estar das realidades objetivas em que imergem os indivíduos. Os mitos acabam por revelar aspectos importantes de quem os cria e de quem neles crê. Há múltiplas possibilidades de sorver belezas e de pressentir verdades nos construtos míticos. Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 1899 – Genebra, 1986) produziu, em forma de contos, estórias fantásticas (em sentido amplo) que falam de seu modo de compreender a vida e que traduzem elementos provenientes tanto da História como de eventos prosaicos em que ele navegou. “O Aleph” é tido como o ápice de sua escrita ficcional, um modo curioso de precisão do olhar e da narrativa. São dezessete contos reunidos e publicados em 1949. Borges é único no jeito de tecer estórias ou de falar daquelas que foram inventadas por outros. Aborda temas diversos, frequentes em sua obra, com estilo refinado. Fez-se mais único do que outros autores. Seus textos podem ser vistos como tentativas de interpretação do tempo, incluindo as finitudes e a ideia de eternidade, da natureza da identidade das pessoas em sua singularidade, da relação com o desconhecido e com a morte, da transcendência e da imanência, e muito mais. Este é um livro de estórias curtas que se estendem para muito além das páginas em que estão contidas. Onde filósofos constituíram metafísicas Borges fez literatura. De algum modo, o autor argentino tem semelhanças com Samuel Beckett e Franz Kafka; é necessário investimento intelectual para que a leitura produza sentidos e prazeres (no plural mesmo). Os esforços para penetrar o pensamento e a poesia destes escritores são amplamente recompensados. É possível encontrar tesouros. Instrumentos habilitam o leitor para enxergar mais do que as tentadoras banalidades, quando pretender afirmar algo sobre si mesmo e sobre o mundo.

Título da Obra: O ALEPH

Autor: JORGE LUIS BORGES

Tradutor: DAVI ARRIGUCCI JR.

Editora: COMPANHIA DAS LETRAS

The Aleph
By Jorge Luis Borges

Mythologies have always played a central role in the pursuit of knowledge, however distant they may seem from the objective realities in which individuals are immersed. Myths ultimately unveil essential aspects of those who create them and those who believe in them. Within their symbolic constructions lie countless possibilities—beauties to be savored, truths half-glimpsed.

Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 1899 – Geneva, 1986) wove, in the form of short stories, fantastic tales (in the broadest sense of the term) that reveal his way of apprehending life. They distill elements drawn both from History and from the prosaic events through which he moved. The Aleph is often regarded as the summit of his fictional writing—a curious conjunction of precision in vision and narrative. The collection, published in 1949, brings together seventeen tales.

Borges is singular in the way he tells stories—or recounts those imagined by others. His themes, recurrent throughout his oeuvre, are treated with a rare refinement of style. In making himself unique, he surpassed many who sought the same. His texts may be read as attempts at an interpretation of time itself: finitude and the specter of eternity, the nature of personal identity in its radical singularity, the encounter with the unknown and with death, transcendence and immanence, and much more besides.

This is a book of short stories that extend far beyond the pages in which they are contained. Where philosophers forged metaphysics, Borges made literature. In a certain sense, he stands in kinship with Samuel Beckett and Franz Kafka; his work demands intellectual investment if it is to yield meanings and pleasures—always in the plural. Yet the efforts to penetrate the thought and poetry of these writers are amply rewarded. Treasures can be found: instruments that enable the reader to perceive more than the tempting banalities when attempting to speak of oneself and of the world.

Title: The Aleph
Author: Jorge Luis Borges
Translator: Davi Arrigucci Jr.
Publisher: Companhia das Letras

El Aleph
Por Jorge Luis Borges

Las mitologías siempre han tenido un papel central en la búsqueda del conocimiento, por más distantes que parezcan de las realidades objetivas en las que se sumergen los individuos. Los mitos terminan por revelar aspectos esenciales de quienes los crean y de quienes en ellos creen. En sus construcciones simbólicas se abren múltiples posibilidades: bellezas que se saborean, verdades que se presienten.

Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 1899 – Ginebra, 1986) elaboró, en forma de relatos, historias fantásticas (en el sentido más amplio del término) que dan cuenta de su modo de comprender la vida. Traducen elementos provenientes tanto de la Historia como de los acontecimientos prosaicos en los que navegó. El Aleph suele ser considerado la cima de su escritura ficcional: una curiosa conjunción de precisión en la mirada y en la narrativa. Son diecisiete cuentos reunidos y publicados en 1949.

Borges es único en la manera de tejer relatos, o de hablar de los que fueron inventados por otros. Aborda temas diversos, recurrentes en su obra, con un estilo de rara fineza. Se hizo más único que muchos otros autores. Sus textos pueden leerse como tentativas de interpretación del tiempo: la finitud y la idea de eternidad, la naturaleza de la identidad personal en su radical singularidad, la relación con lo desconocido y con la muerte, la trascendencia y la inmanencia, y mucho más.

Este es un libro de relatos breves que se extienden mucho más allá de las páginas que los contienen. Donde los filósofos construyeron metafísicas, Borges hizo literatura. De algún modo, el autor argentino guarda afinidades con Samuel Beckett y Franz Kafka: la lectura de sus obras exige una inversión intelectual para que broten sentidos y placeres—en plural, siempre. Pero el esfuerzo de penetrar en el pensamiento y en la poesía de estos escritores es ampliamente recompensado. Allí se encuentran tesoros: instrumentos que habilitan al lector a ver más allá de las tentadoras banalidades, cuando pretende afirmar algo sobre sí mismo y sobre el mundo.

Título: El Aleph
Autor: Jorge Luis Borges
Traductor: Davi Arrigucci Jr.
Editorial: Companhia das Letras

aleph 1

2 comentários

  1. O realismo mágico de Borges, assim como de Garcia Marques, compõem o imaginário aqui do Sul para o resto do mundo.

    Em uma tentativa de diálogo com outra obra, lembro da cena no filme “Os eleitos” quando pela janela da Apolo 13, os astronautas veem uma imagem que, descobrimos, é o centro de uma fogueira de aborígenes australianos. Imagem impactante, além de belíssima, uma forma de transpor nesses elementos visuais aquelas evocações imagéticas, para mim, tal qual a ideia de Borges na figura do Aleph: um ponto que congrega/concentra todo o Universo.

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