A literatura ficcional cria universos. Talvez constitua uma das mais poderosas ferramentas inventadas pelos seres humanos para espelharem-se e também para tentarem compreensões sobre o que não se converte em suas imagens. Estimula transformações de modos de pensamento e ação. E talvez antes de tudo seja um meio de diversão, de encantamento e de real magia.
Há percursos plurais para aqueles que transitam pelas obras literárias. Todavia, a aquisição do que é mais precioso no que se lê dificilmente se dá mecanicamente. Pode exigir considerável esforço. Às vezes acontece de fragmentos das leituras vibrarem dentro dos leitores possibilitando-lhes um modo de comunhão com um autor, com os íntimos teores de suas ideias. Constroem-se formas de comunicação com feições de diálogos que podem fazer surgir algo não previsto no texto escrito nem no repertório habitual de compreensão de quem o lê. Aparecem verdades novas, mesmo que provisórias. Bons livros são verdadeiros. Contam algo que realmente existe (sem implicar o encolhimento frequente na concretude comezinha de existência) e que cria ou resgata sentidos para os envolvidos no processo. A verdade pode habitar os interstícios da invenção. Estórias conectam-se com histórias. Autores talentosos criam personagens consistentes para serem seus porta-vozes legítimos.
Talvez no mencionado acima estejam alguns dos elementos pregnantes do que podemos chamar de ética da criação literária. Valendo lembrar que o modo de dizer aquilo que é mais autêntico e importante pode assumir diferentes formatos. Alguns são objetivos, eficazes em comunicar racionalmente um pensamento, mas carecem de força para despertar emoções e para promover a experiência do belo. Outros fazem quase o contrário disso.
A beleza não é uma noção fácil de ser definida na obra literária, como não o é em nenhuma modalidade de criação artística. Contudo, é uma dimensão importante de uma obra de arte. Não somente para o deleite de quem se envolve com ela, de quem escreve e de quem lê, mas para além do prazer, carrear ideias que poderiam sofrer erosão, definhariam ou se perderiam por outras vias no caminho entre escritor e leitor, sem causarem nenhum impacto. A beleza é um “dispositivo” que pode contribuir para a eficiência transformadora daquilo que se tem a dizer. Além disso, ela abre caminhos (que estão frequentemente fechados) para entendimentos afetivos do leitor, prepara o espaço para a recepção do diverso, do não mesmo, favorece a alteridade na vivência da leitura. Enriquece, dá relevo, esculpe, amacia. Humaniza. Assim, o aspecto estético do escrever e do ler quase nunca é supérfluo. Irmana-se com o compromisso ético.
Abaixo foto da Biblioteca da Universidade de Bolonha, Itália:
Ler pra min é viver por um momento várias vidas. É se permitir viajar num mundo fantástico, cheio de emoções, leitura é minha companheira diária.
Seus comentários me auxiliam muito na escolha de uma obra.
Parabéns pela página.
Obrigado
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Eu é que te agradeço Rogério
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