Há quem reflita sobre o que é correto e justo, o que é possível e o que é obrigatório nas ações praticadas ao longo da vida (as pessoas não pensam sobre isto na maior parte do tempo). Algumas dificuldades podem ser trabalhosas para o indivíduo ético. É preciso refletir sobre o que é moralmente certo ou errado em seus atos, o que implica o cumprimento de seus deveres, quais são e até onde vão seus direitos. Ian McEwan (Aldershot, Inglaterra, 1948) ganhou o Booker Prize em 1998 com “Amsterdam”, um romance que trata destas questões. A morte (e outras formas de ruptura dentro da vida) são eventos utilizados para tratar de limites e limitações. Quatro personagens masculinos protagonizam esta obra. O papel das mulheres na trama funciona mais como alusão à necessidade de se ultrapassar certa concretude obtusa das necessidades e desejos imediatos nos comportamentos. O feminino parece ter relação maior com a inteligência ética. Numa série de jogadas interligadas o Bem degenera-se em Mal por força daquilo que exige satisfação mais direta, embora fátua, débil ou vazia. Vínculos estabelecidos entre amigos e entre amantes estão constantemente em cheque. Pactos de cuidado e proteção podem tornar-se armas para a destruição, muitas vezes fúteis em diversos sentidos. A moral, assim como a ética são atributos humanos, mas há muito mais do que humanidade, especialmente na forma de altruísmo, nos indivíduos que ostentam esta alcunha. Neste McEwan as motivações mais cruas parecem prevalecer. Os valores que poderiam distinguir os homens de outros seres distanciam-se sempre que buscados, tornam-se inalcançáveis, ausentam-se daquilo que realmente é feito. O que se pretende que seja grande mostra-se banal, mesquinho. Enganar parece ser a estratégia mais autenticamente humana. Aparências traem. As boas intenções perdem-se no evoluir das relações. Fenecem as atitudes respeitosas e solidárias. A vida (do outro) é tratada com desconcertante desprezo. Tudo isto sempre abordado com a ironia bem humorada que caracteriza este escritor.
Título da Obra: AMSTERDAM
Autor: IAN MCEWAN
Tradutor: JORIO DAUSTER
Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
Aprendendo com vc, sempre! Abraços Justos.
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Obrigado por comentar
Abraços e Feliz Ano Novo
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Olá Justo!
Bom dia,
Comecei a te seguir no Facebook a pouco tempo e agora me inscrevi na sua página.
Poderia me indicar alguns romances históricos modernos de que tenha gostado?
Adorei A Farra do Bode do Varga Llosa e O homem que amava os cachorros do Padura.
Faz pouco tempo que descobri que bons romances com boa reconstituição histórica é um prazer duplo – prazer da leitura e do rever/conhecer fatos históricos.
Um feliz 2019 para você!
Que seja repleto de boas leituras!
Sônia Pereira
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Olá Sônia
Eu gostei muito de “A Invenção da Natureza”, “Os Três Imperadores” e “A Lebre com Olhos de Âmbar”, que não são romances, mas parecem e são muito agradáveis de ler. Tem comentários sobre eles nas postagens antigas do blog. “Rio das Flores” de Miguel de Souza Tavares é bem interessante e é um romance, “O Mestre” de Colman Töibín sobre Henri James.
Obrigado por comentar
Feliz 2019 para você
Abs
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