NO CAFÉ EXISTENCIALISTA

A Filosofia é, desde a Antiguidade, um conjunto diverso de tentativas de compreender o mundo. Uma das razões destas tarefas seria a obtenção de subsídios para dar rumos ás ações. Diferentes modos de pensar construíram teorias distintas. A Metafísica, que pode ser lembrada como um modo de abordar o universo humano para além da Natureza, do mundo físico, foi muito atraente por longo tempo. Talvez tenha sido uma parte da filosofia predominante no Ocidente por extenso período. Todavia, por estar voltada para aspectos suprassensíveis da realidade também foi muitas vezes descartada como supérflua, mesmo que intrinsecamente sofisticada. Falhou com frequência no suporte às necessidades práticas do homem. Os métodos fenomenológicos de investigação surgiram como uma espécie de alternativa para a metafísica. A Fenomenologia, em sua fundação, buscou gerar conhecimento através da identificação e descrição acurada de objetos que habitam a consciência, os “fenômenos”. Para isto foram propostos recursos específicos como, por exemplo, a intencionalidade e “epoché”. Esta última, já célebre, é uma manobra pela qual se pretende “limpar” o objeto em estudo de fatores a ele associados, mas que lhe são exteriores (isola-lo para que seja passível de ser enxergado no que o faz ser o que é, sem adereços). O uso da metodologia fenomenológica criou uma “escola” filosófica com vertentes algo distintas surgidas em diferentes momentos.  Suas raízes estão fincadas no passado longínquo, mas houve um fundador moderno: Edmund Husserl (Alemanha, 1859-1938). Os métodos propostos por Husserl transcenderam as “tecnologias” utilizadas até então para alcançar o conhecimento e definiram para este um lugar distinto dos anteriores. Tal modo de filosofar atraiu intelectuais como Martin Heidegger (aluno de Husserl), Raymond Aron, Karl Jaspers, Emmanuel Levinas, Maurice Merleau-Ponty, Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre. Quando, Sartre e Beauvoir ouviram falar sobre a Fenomenologia, através de Aron, ficaram impactados e tremendamente curiosos. Estavam plantadas as sementes do Existencialismo. Este, pode ser considerado um derivado da Fenomenologia. Sarah Bakewell (Bournemouth, Inglaterra, 1963) escreveu “No Café Existencialista” para falar sobre o desenvolvimento destas linhas filosóficas e seu contexto histórico, descrevendo-as de modo breve, mas muito esclarecedor. Além de contar História e familiarizar o leitor com as ideias centrais instrumentalizadas pelos “personagens” deste livro, ela contribui com reflexões próprias que são bastante interessantes. Fazem pensar. Convidam, com elegância, o leitor a explorar o mundo com o próprio olhar, dotando-o de novas ferramentas. Informação e exercício de inteligência. Sem faltar sabor.

Título da Obra: NO CAFÉ EXISTENCIALISTA

Autora: SARAH BAKEWELL

Tradutora: DENISE BOTTMANN

Editora: OBJETIVA

exist

 

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4 comentários

  1. Belíssimo, você tem que ser colunista de algum jornal ou revista.
    Poder de síntese, clareza na exposição do conteúdo,só coisa boa neste momento tão carente de bons temas
    Grande abraço.

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