O JARDIM DE CIMENTO

A adolescência é uma das raras fases da vida em que as pessoas tentam deixar de buscar tutela e costumam prescindir de depositários de responsabilidades por suas ações. Há uma certa coragem. Há temeridade. O anseio pela experimentação demanda liberdade, rupturas diversas. Os vínculos afetivos transformam-se rapidamente. São instáveis. Amor equivale a desejo. A sexualidade cria urgências. A lei é a da satisfação e os entraves devem ser sumariamente removidos. Não há futuro. Só presente. Tudo é imediato. Os processos de construção da identidade vergam assujeitados por conturbações incessantes. Não se é o mesmo por muito tempo. Com uma estória tratando destes temas Ian McEwan (Aldershot, Inglaterra, 1948) estreou como autor de romances. Inaugurou a carreira de perscrutador dos meandros menos palatáveis das biografias humanas. Sugeriu que o que emerge como insólito talvez seja somente o corriqueiro que escapa à conveniência. O refinamento de McEwan pode, em parte, ser traduzido por sua capacidade de bem dizer aquilo que muitos preferem ocultar ou, ao menos, maquiar. Neste livro, em que 4 jovens ficam órfãos e tentam tomar as rédeas de suas vidas, ele trata de questões pregnantes não só no adolescer, mas nas difíceis navegações que constituem o viver do adulto. De modo breve e intenso o autor estabeleceu neste início o estilo que é tão marcante em seu trabalho. Sólido para além do cimento.

Título da Obra: O JARDIM DE CIMENTO

Autor: IAN MCEWAN

Tradutor: JORIO DAUSTER

Editora: COMPNHIA DAS LETRAS

jardim

Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s