Os Buddenbrook, primeiro romance de Thomas Mann, publicado no início do século XX, é uma das grandes obras literárias da Alemanha e do mundo. Relato que, em muito, é uma biografia de sua família e testemunho de um ciclo da história alemã. Apesar de não utilizar explicitamente eventos históricos, a narrativa é desenvolvida através deles. Fala de um tempo em que a burguesia comercial, camada social de maior importância no ditame das regras que norteavam a vida da sociedade urbana no século XIX, começa a perder sua primazia devido a transformações determinadas pelo surgimento da industrialização. Além disso, ao longo da estória os diversos estados germânicos vão caminhando para a unificação, numa Alemanha que só apareceu como tal após 1871. Os personagens são fascinantes em sua riquíssima e delicada caracterização psicológica. Thomas Mann fazia isso com maestria. Em todos os seus livros discutiu temas que o tocavam intimamente, embora não explicitando abertamente o que desejava. Por exemplo, em “Morte em Veneza” fala sobre o quão vivas eram-lhe as questões inerentes à orientação sexual com uma engenhosidade de elegância rara. Essa sua maneira de criar literatura faz o leitor ter a sensação de que vive ao lado dos personagens. Tudo é pura verdade. Também obriga à leitura mais cuidadosa, para que não se perca o essencial no que dá forma, com maior sutileza, a aspectos importantes da evolução da trama e do modo do autor de compreender a vida. Talvez com os livros de Mann possamos experimentar o prazer de ler “à moda antiga”. Degustando a delicadeza e profundidade do texto com um pouco mais de vagar, valorizando o investimento de tempo, num ritmo incompatível com apressamentos.
Título da Obra: OS BUDDENBROOK – DECADÊNCIA DE UMA FAMÍLIA
Autor: THOMAS MANN
Tradução: Herbert Caro
Ano da Primeira Publicação na Alemanha: 1901
Editora: Companhia das Letras
Bravo professor Justo.
Sua resenha desperta a vontade de ler e Thomas Mann.
Delicadeza, sutileza e elegância são atributos incomuns. Só os grandes mestres assim manejam a literatura!
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Muito obrigado Suzete
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