Escolhas plenas ao longo da vida raramente são possíveis. Escolher nunca é simples ou fácil. Se assim parece a alguns, é somente por força da simploriedade. E ainda, poder optar por algo não garante segurança nem acerto. Bem e Mal não são prévios ao viver. O escritor japonês Yukio Mishima (o nome que lhe foi dado era Kimitake Hiraota, Tóquio, 1925-1970), autor de “O Pavilhão Dourado”, teve uma vida relativamente curta e marcada por eventos trágicos, sofridos e praticados. Parecia ser alguém que não fazia concessões e que preferia quebrar a vergar. Cometeu um tipo de suicídio, sepuku, alegadamente por questões políticas. Mas, pelo que foi dito por quem o conheceu, ele que era fascinado pela ideia da morte. O protagonista deste romance, Mizogushi, marcadamente intolerante às imperfeições que caracterizam a vida, não pode enxergar ou aceitar o universo que existe entre os extremos em que são designados o Bem e o Mal. É um jovem muito pobre que está sendo preparado para tornar-se monge zen-budista, assim como seu falecido pai o fora, e tem no Pavilhão Dourado, parte do templo em que passa a viver para o aprendizado, o padrão da Beleza em sua integridade, do Bem. Desde a infância sente-se torturado e humilhado pela gagueira e pelo que vê em seu ambiente familiar. Não pode transigir em relação a qualquer modo de irregularidade, imprevisibilidade e deficiência. Nisto ele localiza o Mal. Por este prisma não haveria escapatória para o ser humano. Viver já poderia ser o Mal. O Conhecimento, maior que a Beleza, sua constatação. Os polos de idealização não são inequívocos para o personagem, ele claudica entre eles. Descobrir a essência do Mal e a verdade de sua existência é uma obsessão na precariedade que caracteriza sua visão de mundo. Nisto concentra-se o que poderia ser chamado de sua formação. Acaba por somente encontrar espaço e motivo para a ação digna através do exercício da crueldade, da corrupção e da destruição. O que pode ver e afirmar no que escolhe é quase uma antítese do que mais facilmente é concebido como filosofia zen-budista. Mas, o que fica sugerido na abordagem (quase um mantra) do autor é o contrário. Também por isto não é uma leitura que possa ser feita como contemplação e, menos ainda como via para cultivar a paz de espírito no Belo.
Título da Obra: O PAVILHÃO DOURADO
Autor: YUKIO MISHIMA
Tradutor: SHINTARO HAYASHI
Editora: COMPANHIA DAS LETRAS

Olá doutor Justo tudo bem?
Eu tenho consulta contigo dia 19/01, o senhor já providenciar o laudo para a cirurgia, vou ligar no crt e remarcar, vou estar em outro estado e meu plano não cobre ligações roaming, desejo um excelente inicio de ano.
Desde já agradeço
Bianca
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Olá Bianca
As consultas são à distância. Para o laudo é preciso fazer a consulta
Feliz 2021
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Eu li Neve de Primavera. Uma leitura para se fazer com tempo também. Os autores japoneses escrevem coisas profundas. Assim foi com a leitura de Haruki Murakami. Gosto desse tipo de ficção.
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Concordo com você Evelyn. Um dos meus preferidos é Junichiro Tanizaki. Obrigado por comentar
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É tormentoso ler esta obra? Pergunto, porque o relato instiga, mas também perturba.
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É mesmo perturbadora. O autor (que acabou se suicidando) era um homem muito insatisfeito com mundo em que viveu e, provavelmente, com ele mesmo. Obrigado pelo comentário
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