DIÁRIO DA QUEDA

Diante da noção de que os seres humanos são intoleravelmente destrutivos há pessoas que consideram sua existência no planeta fadada ao fracasso. Para os que enxergam as coisas deste modo o fim é uma questão de tempo. A angústia da espera do desfecho pode ser insuportável. À destrutividade voluntária somam-se os eventos exteriores às deliberações e incontornáveis, como os males provocados por outros indivíduos ou instituições, as doenças graves, desastres naturais, etc. No livro “Diário da Queda” Michel Laub (Porto Alegre, 1973) trata destas questões, que em última instância podem ser resumidas a uma só: qual a razão de insistir em viver diante da convicção da inviabilidade da “experiência humana”? A agressividade, que pode aparecer em diferentes contextos, ganha tanta proeminência na prosa do autor que deixa poucas chances para reformulações quanto a alternativas nos relacionamentos entre pessoas. A esperança em dar bom sentido ao viver fica por um fio. Gerar um filho ocupa um lugar central neste débil apelo à   esperança, juntamente com a desconfiança sobre o que isto pode transformar nos destinos. A continuação da vida, através de sucessivas gerações, acaba por funcionar como um tipo de teimosia que vence as convicções mais amargas. O livro põe em evidência os “vícios de avaliação” e erros de interpretação nas tentativas de compreensão do que se vive. E também do que não se vive. Pesam sempre as premissas tomadas por Laub, que as demonstra em conteúdo e forma na construção do texto. Inclusive pela repetição, em várias acepções. Deste ângulo, tentar descrever os componentes de uma biografia acaba por tornar-se sempre o relato do caminho para a queda. É um modo de ver as coisas. Num certo plano.

Título da Obra: DIÁRIO DA QUEDA

Autor: MICHEL LAUB

Editora: COMPANHIA DAS LETRAS

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4 comentários

  1. Olá bom dia! Não sabia como entra em contato com o senhor mas anda acontecendo umas coisas comigo, não sei se tem haver com o remédio, no momento estou tomando 2 comprimidos de escitalopram, e o que acontece é que eu ando tento tipo apagões mas acordado, não sei explicar direito. Já aconteceu duas vezes.

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  2. Parece incrível este livro, pois trata de um sentimento que muitos de nós temos do mundo e das pessoas, em especial neste tempo de angústia, desespero e descrença, tanto na humanidade quanto do nosso próprio mundo. Excelente resenha. Parabéns

    Curtido por 1 pessoa

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