Federico Fellini (Rimini, Itália, 1920, Roma, Itália, 1993) foi um dos maiores autores que o cinema já teve. Seus filmes, variados quanto aos temas, tiveram uma unidade estilística no modo de retratarem o ser humano. Como os grandes escritores, Fellini sabia narrar excluindo a banalidade. Tinha o que dizer. A linguagem felliniana é um ícone cinematográfico. Seus filmes podem ser quase lidos. Repetidas vezes. E não serão reprises. A obra mais famosa é “A Doce Vida” (1960), mas tudo o que produziu é relevante. É difícil qualificar seu estilo em uma palavra. Contém humor e muita sensibilidade para as grandezas e pequenezas do que se é e do que se vive. Há lirismo, memorialismo e a música perfeita (geralmente de Nino Rota) para emocionar e transformar plateias, usando tintas bem italianas capazes de colorir o mundo todo. “Satyricon” (1969) foi inspirado pelo livro de Petrônio, mas todos os seus filmes têm uma dimensão literária. “Julieta dos Espíritos” (1965) e “Amarcord” (1973) são bons exemplos. Ambos relatos de memórias. Dele, dos italianos e de todos nós, vivos, mortos, ou mesmo ainda não nascidos. Assistir Fellini, “lê-lo” nas telas, é um modo de mitigar feridas e feiuras da vida. Também é uma oportunidade de renovar esperanças no que o homem pode fazer de bom.
LEMBRAR FEDERICO FELLINI
