ISAAC BASHEVIS SINGER

Alguns escritores tornam-se universais mesmo quando mantêm ligação íntima  com sua cultura, nacionalidade, formação religiosa, etc. Talvez isso deva-se ao talento para bem dizer o que pretendem e, nisso, construirem o caminho para chegar bem perto do leitor, independentemente do lugar e do tempo onde este viva. Assim, todos podem compreender intelectual e afetivamente o que o escritor diz, sem a barreira de artificialidades formais ou de conteúdo. Isaac Bashevis Singer (Leoncin, Polônia, 1902-Surfside, EUA, 1991) é um desses autores. Sua obra foi criada em torno da vida judaica. Ele era um judeu asquenazim, que são israelitas da Europa Central e Oriental e têm costumes um tanto diferentes de outro grande ramo de seu povo, os sefaradim, enraizados no Oriente Médio, Norte da África e Sul da Espanha. Seus ascendentes eram rabinos e ele teve formação marcadamente religiosa sem se tornar um ortodoxo. Singer passou sua infância e juventude na Polônia e em 1935 emigrou para os Estados Unidos, fugindo do anti-semitismo, que se tornava endêmico na Europa. Publicou bons romances, mas brilhou mais como contista. Seus textos caracterizam-se por simplicidade formal e por esmero na estrutura da narrativa, com o poder de fazer o leitor imergir nas tramas. Os “panos de fundo” são quase sempre os costumes, tanto laicos quanto religiosos, dos judeus que viviam em pequenas aldeias polonesas ou russas, pois as divisões político-geográficas da região variaram com frequência. Além disso, recriou o mundo dos seus na cidade de Varsóvia do período entre guerras e, depois do êxodo, em Nova York. Através das singularidades determinadas pelas tradições culturais e religiosas aparece sempre o que há de mais humanamente universal nas pessoas que ele retrata. Suas narrativas são tão bem construídas e os personagens tão vívidos que ao ler é como se estivéssemos em visita presencial àqueles mundos. Falou do Holocausto com profunda sensibilidade e evitando elegantemente os matizes de vitimização. Talvez seu maior romance seja “A Família Moskat” e entre os muitos contos (sempre maravilhosos) o mais conhecido é Yentl, transformado em filme por Barbra Streisand. Em 1978 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, justa forma de reconhecimento e homenagem.

Singer 1

 

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7 comentários

  1. Sempre tive muito prazer com seus romances e contos. A Cia das Letras publicou uma coletânea de contos muito bons, chamada 47 Contos de Isaac B. Singer. A Família Moskat está esgotado em português, e espero que alguma editora faça o favor de relança-lo. Inimigos, Uma História de Amor, é triste, mas também muito bom, assim como Sombras Sobre O Rio Hudson.
    Obrigado por comentar
    Um beijo

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  2. Singer é um mestre na construção dos seus personagens. De maneira quase humilde, de longe ofusca os mais rebuscados: são pessoas com suas vontades, seus valores, suas lutas, seus amores, suas decepções.
    É um dos meus autores prediletos: ele me encanta, me faz rir, me faz chorar…me deixa sempre nostálgica!

    Curtido por 1 pessoa

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