LITERATURA FICCIONAL E PERCEPÇÃO DO MUNDO

A leitura de boas obras literárias não se esgota na possibilidade de experimentarmos momentos de prazer através da “viagem” num enredo bem construído. Pode não ser exclusivamente um modo de diversão (embora também seja esta uma boa qualidade dos livros). Nem se limitar à suspensão temporária daquilo que nos entedia ou pesa na “vida real”. Também não se restringe ao fato de adquirirmos informação, ampliarmos a capacidade reflexiva e isto resultar em alguma erudição. Há um concerto de benefícios. Ler ficção pode enriquecer-nos em muito. As estórias imaginadas por seus criadores, de certo modo, originam-se da realidade comum, mas quando eles são talentosos acabam eliminando os aspectos que as tornam banais, mesmo que tratem de temas comuns, próximos do que faz parte de nossos cotidianos. A vida aparece-nos mais bem vestida ou mais bem despida. Podemos desfrutar de belezas que fora da experiência literária esquivam-se de nós. E a boa ficção trata-se de matéria verdadeira. Nada vã. É uma oportunidade de dar novos sentidos ao mundo  e a nós mesmos.  A literatura ficcional cria enredos das mais diversas naturezas. Quando lemos tomamos de empréstimo o olhar de um autor, seus instrumentos intelectivos e afetivos. Interagimos com ele por meio de seu texto. Adquirimos algo dele. Crescemos. Mudamos. Vivemos. Ler bons livros (mesmo considerando que o que é considerado bom pode variar entre os indivíduos, vale procura-los) contribui para o desenvolvimento de múltiplas capacidades em cada um de nós, como aquelas que possibilitam uma certa sintonia com a complexidade do universo.

Abaixo, a fachada da Biblioteca Municipal de Kansas City, Estados Unidos