Há muitas formas de ler o que outros escrevem. Romances, contos, poemas, ensaios e mesmo literatura técnica e artigos jornalísticos são sempre expressão de múltiplos significados, uns mais claros e outros que demandam mais atenção e aptidão para serem compreendidos. Isto é, em grande parte, determinado pela polissemia das palavras e de seu encadeamento com outras, que compõem locuções, frases e parágrafos. Polissemia diz respeito à multiplicidade de significados que palavras e textos contêm. Tal fenômeno é próprio de todas as línguas e linguagens, formais e informais. Além deste fator, há no que se apreende de uma leitura a interferência das características do leitor, o que vale, semelhantemente, para a interpretação do que acontece no mundo, do que é o mundo (com grande relevo para a percepção da própria identidade e das identidades dos outros).
Todas as pessoas são constituídas por universos singulares e imensos, que implicam fatores biológicos e eventos multiformes ocorridos na relação com seu meio. A cultura em que alguém está inserido é fundamental nisto. Também seu “lugar” no conjunto de outras pessoas a quem, com maior ou menor proximidade, está vinculada e a natureza das interações de que participa. Esta conjunção determina as dimensões do modo de ler a vida e nela agir. São processos complexos, mutantes e estendem-se dos indivíduos às sociedades.
Entre as numerosas possibilidades de ampliar a consciência do entorno e de si mesmo, assim como do que aconteceu ou acontece em distintos lugares e tempos está a leitura de textos diversos. As palavras dos outros instrumentalizam heterogeneidades infinitas na percepção e interpretação do que se dá no mundo. A leitura tende a propiciar muita riqueza quando há bom aproveitamento do conteúdo e forma no que é lido. Nisso contam as capacidades para compreensão, reflexão crítica e pensamento criativo do leitor. A construção da ficção, de poemas, ensaios, artigos, etc., exige em sua feitura o crescimento e doação do patrimônio intelectual (e eventualmente afetivo) do autor. O produto de seu empenho poderá conter tesouros, ofertados aos que se dedicam à leitura. Cada um colherá o que puder e quiser. Resulta a oportunidade de compartilhamento desta fortuna entre autores e leitores. Algo que poderá ser repetido infinitamente, pois a materialidade do que está registrado permitirá a multiplicação da comunhão entre textos e leitores enquanto ambos existirem.
A literatura ficcional e a poesia têm o dom de resistir ao tempo e às transformações que ele acarreta (embora haja exceções), diferentemente dos escritos de caráter mais técnico ou circunstancial, como, por exemplo, artigos científicos e textos jornalísticos. O que está contido num romance, conto ou poema viaja muitas vezes num mesmo leitor em diferentes momentos, por vias diversas e imprevistas e ainda percorre as épocas e alcança os que viverão no futuro.
As possibilidades de ganhos com a leitura também são plurais: alargamento e aprofundamento de aptidões de percepção, expansão do conhecimento, aumento de sensibilidade e refinamento de alma e, com sorte, da capacidade de resiliência para as adversidades. Outro aspecto que não deve ser esquecido é o prazer de que se pode desfrutar nas boas leituras (para tal o leitor também há que se capacitar). Em concerto, isto promove a faculdade de dar sentido ao que parecia vazio dele. Pode fazer a vida valer mais.

Oi Luís , tudo bem ?
Ler : os livros e o mundo (e’ um livro ) ou comentário ?
Aguardo retorno
ABS
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Olá Sueli
Tudo bem?
É um comentário
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