Danuza Leão sempre teve muito a dizer sobre o mundo em que vive. Ela retrata com sensibilidade e bom humor o comportamento das pessoas em situações diversas. Avessa a preconceitos e com a coragem de abolir discursos formatados para a criação de uma imagem politicamente correta, no que isso tem de banal e estereotipado, ela tem o senso ético entranhado em seu modo de estar na vida e de falar sobre ela. Suas crônicas são saborosíssimas. “É Tudo Tão Simples” e “Crônicas Para Guardar” resgatam os textos publicados semanalmente em grandes jornais do país. “Na Sala Com Danuza”, em suas duas versões, um justificado sucesso. O livro de memórias “Quase Tudo”, uma viagem interessante e agradável sobre partes de sua história, que ela acha que valem ser contadas. Sem excessos. Embora Danuza seja essencialmente chique (certamente é uma das pessoas que justificam a manutenção dessa palavra em qualquer língua), ela tem um olhar nada elitista para os temas que aborda. Se o leitor tiver uma primeira impressão de elitismo isto se desfaz com o olhar mais atento e livre. A autora reflete a mulher, que não se evangeliza em nenhuma ideologia. Escrevendo, consegue (como poucos) aproximar príncipes e princesas, estadistas e outros “abonados” ou poderosos, às pessoas que sobrevivem sob as duras condições da carência de recursos materiais e cujo poder reside na fibra para persistir buscando o melhor possível, assim como na possibilidade de capturar alguma diversão naquilo que se vive. O humano se superpõe às circunstâncias. Sem hipocrisia, o que é, cada vez mais, um luxo. Temas cotidianos são convertidos em observações espirituosas, que convidam à reflexão despretensiosa e frequentemente engraçada. Talvez algo mais transformador que um texto acadêmico. Com direito a boas doses de prazer.
DANUZA LEÃO: CRÔNICAS E MUITO MAIS
