Em 1990, Alberto Fugimori tornou-se presidente do Peru, numa eleição em que Mario Vargas Llosa, o autor de Cinco Esquinas, foi também candidato, e saiu derrotado. Ao que tudo indica, o estofo moral e ideológico, além da penetrante inteligência e vasta cultura de Vargas Llosa, teriam contribuído para levar o país a melhores rumos, do que ocorreu sob o comando do vencedor. O período de Fugimori foi marcado pela atuação, e combate, de grupos terroristas, como o Sendero Luminoso e o Túpac Amaro, ambos de extrema esquerda, e promotores de violência, como sequestros, tortura e assassinatos. Além disso, havia profusa corrupção na administração pública. O presidente era “auxiliado” por Vladimiro Montesinos, seu homem forte, desprovido de quaisquer escrúpulos para atingir seus objetivos. O Peru tornou-se uma ditadura. O Estado passou a perpetrar, em concerto, sua versão de terrorismo. Neste cenário, desenvolve-se o enredo deste aguardado novo romance de Vargas Llosa, que, talvez para grande parte de seus admiradores, seja um tanto decepcionante. A estória, apesar de fluida na leitura, não tem envergadura para criar personagens suficientemente vivos, e a História não é descrita com a riqueza peculiar a tantos de seus outros trabalhos. Romancista, ensaísta e jornalista de grande porte, ele tem especial talento para a narrativa ficcional, e bastante intimidade com contextos sociais e políticos complexos, que dominam os países Latino-americanos. Várias vezes premiado internacionalmente, recebeu o Nobel em 2010. Merecidamente. Livros anteriores, como “A Festa do Bode”, “Conversa na Catedral”, e “Tia Julia e o Escrevinhador”, para citar alguns, de sua prolífica obra, são incomparavelmente mais brilhantes. Vale olhar por cima deste romance, e mirar o restante do que Vargas Llosa já produziu.
Título da Obra: CINCO ESQUINAS
Autor: MARIO VARGAS LLOSA
Tradução: PAULINA WACHT e ARI ROITMAN
Editora: ALFAGUARA
Estante do Justo 