A fotografia surgiu na primeira metade do século XlX. Produto de uma soma de ideias, esforços e descobertas de diversas pessoas em tempos e lugares diferentes. Com ela forjou-se um recurso que das mais surpreendentes maneiras enriqueceu a vida humana. Merecem homenagens Joseph Nièpce, Henry Talbot, Louis Daguerre e outros, por terem participado deste processo de invenção. Igualmente devem ser homenageados os que do fotografar fizeram e fazem tão bom uso. A fotografia vem servindo a muitos propósitos. Tornou-se instrumento de documentação histórica, de represamento de imagens, momentos e talvez emoções, que de outro modo esmaeceriam mais facilmente entre a imprecisão e o apagamento nos campos da memória. Também pode ter importância como ato político. Documenta maravilhas e também horrores, por vezes tão próximos das pessoas mas nem sempre amplamente visíveis. Há os que extraem algo totalmente novo, com um clic, daquilo que já submergiu na obviedade. Quase atos mágicos. Há criação. Há arte. Em muitos fotógrafos parece existir um espírito de luta pelo resgate daquilo que corre perigo de sucumbir à “nadificação” tão ágil que corre dentro do tempo. Assim como um ato de recusa da banalização e de resistência a uma das modalidades da morte. Desses personagens retratadores que se revelam geniais, por acaso ou intenção, é que nos fala Dorrit Harazim no livro “O Instante Certo”. Jornalista nascida na Croácia, mas hoje brasileira, tem o talento de produzir beleza e encanto ao criar sua narrativa, usando as palavras, sobre instantâneos feitos por diferentes fotógrafos. A autora ajuda o leitor a imaginar vidas inteiras derivadas de uma única imagem. Não está em pauta o quanto reproduzem fatos concretos. A beleza e os afetos despertados importam mais. Há muito prazer para ser experimentado por quem quiser viajar nestes textos curtos, com perfume de essências delicadas, mas muito penetrantes.
Título da Obra: O INSTANTE CERTO
Autora: DORRIT HARAZIM
Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
Estante do Justo 