Que possamos experimentar a vida como uma obra-prima. Que tenhamos olhos para tudo o que houver de bom e possamos tolerar, sem deixar de ler, o que não o for. Que possamos agir bem, refletindo com coragem e buscando o melhor. Que tenhamos boa sorte e que também a façamos boa. Que sejamos fortes para não rejeitar o Bem por sabermos que o Mal existe. Aproveitemos nosso mundo amorosamente, respeitosamente, responsavelmente, bravamente, esperançosamente. As obras-primas geralmente contêm universos plurais: há o que nos conforta por ser familiar, facilmente reconhecível e explicitamente belo e há aquilo que nos é novo, estranho e que nos obriga ao trabalho de pensar desbravando, de sopesar, sem rejeitar cegamente de descobrir a estética imprevista. Uma obra-prima dá trabalho para ler e aproveitar, deve ser degustada, sorvida em sua infinita complexidade e riscos. Bem-vinda seja! Renascente seja! Natalícia seja!
Na ilustração: obra de Jan Davidszoon de Hemm (Utrecht, 1606 – Amberes, 1684); Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid
