O tamanho do mundo mede-se com memórias e afetos. Usa-se o impreciso passado e o incerto futuro. Não há padrões universais. Cada um mede o seu.
“O Tamanho do Mundo” é um romance de António Lobo Antunes (nascido em Lisboa, 1942) narrado em polifonia. Vários personagens falam das relações que os ligam. O enredo é minúsculo se a escala for a narrativa objetiva que constrói, mas é grande se o leitor deixa-se conduzir por aquilo que subjaz aos fatos. Os sentimentos transitam entre o que está escrito e a participação do leitor. Assim, notam-se diversos mundos e certas maneiras de os medir. O conjunto do que se lê permite especular sobre o tamanho do mundo do autor e pode redimensionar o do leitor.
Como em quase todos os seus livros (exceto nas crônicas) António Lobo Antunes apresenta fragmentos textuais do que pretende contar. Cabe a quem faz a leitura uni-los com atenção e sensibilidade. Não é fácil. O prazer que se pode extrair implica o empenho de entendimento e eventual importância que se dê a um modo menos comum de olhar a vida. De medi-la, de interpretá-la. Algo que reside mais nos interstícios do que nos elementos com aparência de concretude. Eles são falsos vazios que apontam para as impossibilidades no arredondamento do enredo, tornando-o próximo das estórias verdadeiras.
O estilo do escritor é determinado por uma estética, em ampla acepção. Faz transparecer seu modo de pensar. Com ele se pode acreditar que as continuidades são ilusórias, criam a falsa impressão de obviedade ou de sentidos claros, deduzíveis logicamente. Não seriam apropriadas para se falar pessoas, do que elas produzem, do mundo.
Título da Obra: O TAMANHO DO MUNDO (2022)
Autor: ANTÓNIO LOBO ANTUNES
Editora: D. QUIXOTE (Portugal)
